sábado, 2 de agosto de 2008

Interesses


É natural o homem buscar os seus próprios interesses. Todo aquele que no negócio ou indústria não faça isto retrocederá e está sujeito a falir. O homem, pois, cênscio disto luta cegamente pelos seus interesses, sem pensar que muitas vezes está a prejudicar o seu semelhante. O homem que progride na sua indústria ou negócio, mesmo à custa dos interesses dos outros, é um heroi! Contudo, está condenado pela Palavra de Deus (Tiago 5:1-6).


Os remidos do Senhor não devem esperar coisas melhores daqueles que não passaram da morte para a Vida pela fé do Salvador. O mundo vai de mal a pior, enganando e sendo enganado. Portanto, o buscar os seus interesses à custa dos outros é característica do homem perdido e sem esperança. Não se admire , pois, o leitor crente, ao ver-se atraiçoado pelos descrentes, porque, em geral, eles só buscam o que é seu.


Em face de o crente ainda estar no mundo e ter as mesmas propensões naturais que os descrentes, Paulo fala-nos do amor de Deus que todo o crente é exortado a revelar aos seus irmãos em Cristo, e aos que estão de fora: aquele amor que não buscar "os seus próprios interesses" (I Cor. 13:5). Quando o cristão de verdade deixa que o Espírito de Deus opere livremente na sua vida, é cheia deste amor que "sinceramente cuida dos interesses" dos outros. Paulo alegrava-se por ter Epafrodito como seu cooperador no Evangelho, porque ele sinceramente buscava os interesses dos filipenses. Aquele irmão não se interessava pelos outros só em palavras, mas buscava do coração os interesses dos amados no Senhor em Filipos, como é o dever de todo o crente. Ele tinha bebido profundamente do espírito do seu Senhor e Mestre, que pelo nosso bem eterno abriu mão da Glória Celeste e "humilhou-Se a Si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte na cruz".


Como é tão triste vermos nesta e naquele Igreja a ausência deste espírito do Mestre que Epafrodito tão exuberantemente revelou! É que ele tinha aprendido a humilhar-se aos pés de Jesus. Sem humilhação não é possível o crente buscar os interesses dos outros.


Isto não diz respeito somente a auxiliarmos os irmãos necessitados, quando nos é possível faze-lo, mas a alegrarmo-nos da sua prosperidade e não invejarmos o que eles tenham. Muitas vezes podemos dizer que não somos invejosos, ao mesmo tempo que cobiçamos o que os outros tem. Isto é um mal que arruína a espiritualidade do crente. Quando amamos os irmãos, como Epafrodito, alegramo-nos com gozo indizível ao ve-los prosperar, ainda que nós estejamos em aperto ou a viver na penúria. Que nós, irmãos, como Epafrodito, busquemos sinceramente os interesses dos outros.


V. Sobral (1945)